O uso da Inteligência Artificial – qual o limite?
Você viu a propaganda da Volkswagen que aparece Elis Regina ao lado de Maria Rita em cenas que nunca viveu? Cenas criadas por inteligência artificial?
Muitos questionamentos estão sendo levantados como os relacionados aos Direitos da Personalidade, como questões éticas sobre as propagandas, da veracidade etc.
Quero levantar aqui quais os limites do uso do AI?
Estamos em um mundo cada vez mais tecnológico e isso não é novidade para ninguém.
Vivemos em um mundo onde o real se confunde com o virtual, onde nas redes sociais as pessoas postam coisas que não são verdadeiras, viagens que nunca fizeram, trabalham em ambientes virtuais, conversam com pessoas que não sabem se existem ou não, se tem realmente essa aparência, nem onde moram, nem que vida de fato levam. Isso não é novidade!
A questão aqui é: quais os limites? Vamos colocar algum?
O CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária instaurou processo ético para analisar justamente se a campanha publicitária fere questões éticas, no momento em que «dar vida» a uma pessoa falecida, sem informar, comunicar ou colocar qualquer aviso de que as imagens foram manipuladas por inteligência artificial. Isso gera uma confusão entre a ficção e a realidade para algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, segundo nota do CONAR.
No caso concreto, houve autorização da família, inclusive a filha da falecida Elis Regina participa da campanha, mas juridicamente, isso é suficiente? O interesse é somente da família, vez que se trata de uma pessoa pública? Posso recriar figuras que já morreram a muito tempo, como Cleópatra, Imperadores Romanos, Reis Europeus, outros?
Todos lembram que quando assistíamos novelas antigamente, sempre vinha a mensagem de que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Mas aqui a semelhança é proposital! É provocada e é feita para ser igual, idêntico.
Alguns problemas do uso da inteligência artificial, sem a informação de que se trata de um vídeo, foto ou outro manipulado e falso, não correspondendo à realidade são:
- Desinformação e manipulação das informações levando as pessoas a acreditarem que se trata de algo verdadeiro, levando às pessoas acreditarem em fakenews em grande escala e prejudicando a confiança no que é informado;
- Consequências sociais e emocionais, vez que a confusão entre o real e o virtual faz com que as pessoas percam a confiança no verdadeiro e se tornem incrédulas;
- Ética e responsabilidade, vez que sempre restará a pergunta: Quem é responsável pelas consequências da manipulação? Como garantir a integridade das informações?
- Impacto na confiança e no jornalismo, posto que a massificação de vídeos com pessoas que não existem ou que já faleceram pode minar a confiança na autenticidade do que é informado.
Certo que temos, enquanto sociedade, que discutir bastante sobre o uso das tecnologias e os seus limites. Inclusive precisamos discutir se haverá regulamentação, de que forma será, quem terá essa capacidade, como a sociedade será educada para o uso consciente das tecnologias e até o que e qual é o uso consciente das tecnologias?
No momento, temos mais perguntas que respostas.
